Dr Clovis Melo
Diretor Técnico e Coordenador do Centro de Ensino e Pesquisa
Um ano novo traz reflexões sobre o que passou e planos para os próximos meses que estão por vir. Para muitas pessoas, revisar projetos e lidar com frustrações e expectativas, pode trazer questões difíceis de administrar e gerar angústias. E é nesse cenário de dúvidas e incertezas que a campanha Janeiro Branco se apresenta no primeiro mês do ano. Esse movimento teve seu início em 2014, em Uberlândia, se espalhou pelo Brasil, e hoje já alcança outros países como a Espanha.
O tema deste ano é “A vida pede equilíbrio”. E essa proposta tem como finalidade o diálogo com a pós-pandemia e com mudanças que são, cada vez mais, aceleradas e desafiadoras, e que tem se apresentado com tanta intensidade nas rotinas pessoal e profissional das pessoas. Essas situações pedem novas atitudes nos exigindo mudanças para darmos conta das transformações constantes.
Nesse contexto, debater a saúde mental e a sua importância para as relações humanas, ainda é enfrentar barreiras e desafios. Muitas pessoas demoram a procurar ajuda por questões relacionadas a estigmas, tabus e preconceitos, apesar do crescente movimento de campanhas de esclarecimento. É justamente na demora em procurar ajuda que está o perigo. Em algumas situações, quadros que poderiam ser tratados de forma mais precoce e com menos prejuízo para os indivíduos são agravados pela desinformação, negligência e relativização dos sinais e sintomas emocionais e mentais apresentados pelas pessoas. Isso faz com que as pessoas tenham seus sintomas agravados e, por vezes, tem a necessidade de obter ajuda em serviços de urgência e emergência.
A Organização Mundial da Saúde apresentou, em 2022, dados sobre a saúde mental no mundo, em uma revisão que foi a maior desde a virada do século. Nessa pesquisa foi mostrado que, em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes de todo o mundo – viviam com um transtorno mental. Ainda, sinalizaram que o suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes, sendo 58% em pessoas com menos de 50 anos de idade e que a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25%, apenas no primeiro ano da pandemia.
A saúde mental requer atenção que vai desde o autocuidado à avaliação das relações que decidimos cultivar. O equilíbrio entre o trabalho e o lazer, entre o tempo destinado às redes sociais, aos familiares e aos amigos, uma boa alimentação associada à atividade física, são exemplos de exercícios diários que colaboram para o bem-estar e a qualidade de vida. Com essa busca pelo equilíbrio, estimulamos o nosso autoconhecimento e isso nos ajuda a lidarmos com o cotidiano real, que é imerso em emoções diversas como a alegria, amor, tristeza e frustração.
E assim, janeiro pode ser adotado como uma espécie de fronteira, demarcando os ciclos – fechamento e reinício. Pois, repensar as atitudes com o foco em melhorias para a vida é sinônimo de saúde. Por mais que seja um período de reavaliar e projetar, é também oportuno para a adoção de hábitos e comportamentos até então não vislumbrados, que podem beneficiar esse novo ano que se inicia. E, o mais importante, aproveitar não só o Janeiro Branco, mas todos os dias do ano para estar atento aos sinais que a saúde mental pode trazer e procurar ajuda, sempre que necessário.
Para saber mais sobre o movimento Janeiro Branco acesse o site: www.janeirobranco.com.br.
#CuidarÉaNossaVocação